Uma roda de conversa foi a atividade que levou informação e prevenção contra o tráfico humano, além de solidariedade para crianças, adolescentes e mulheres da ocupação indígena Kulina, em Manaus/AM. A atividade, realizada no sábado, 17 de julho, foi promovida pelas Irmãs do Imaculado Coração de Maria (ICM), em parceria com as Irmãs da Sagrada Família de Spoleto.

A ação acontece dentro do Projeto Social Solidário “Na Amazônia, o cuidado com a vida, no enfrentamento ao abuso, exploração sexual e o tráfico de pessoas”, que tem a finalidade de intensificar e ampliar as ações de enfrentamento ao tráfico humano na região. O projeto é financiado Instituto Religioso Bárbara Maix – IRBM.

A Ocupação indígena Kulina está na comunidade católica Santa Luzia, área Missionária Família de Nazaré, zona norte de Manaus. Ao todo, 900 famílias residem na comunidade que é composta pelas etnias Kokama, Kumaruzra, Tucano, Ticuna, Piratapwia, Sateré Mawé e brancos.

“A realidade da ocupação Kulina é muito cruel, encontramos por lá pequeníssimos quadrados construídos de compensados chamados de ‘casa’, onde residem famílias grandiosas, sem condições nenhuma de vida digna, precisam de terra, trabalho e teto.” afirma a mensagem das Irmãs ICM. São condições de extrema pobreza como essa que favorecem o aliciamento de vítimas para o tráfico humano.

Obedecendo as orientações da OMS quanto ao uso de máscaras e álcool em gel, a atividade foi realizada de forma presencial, nos turnos manhã e tarde, com a participação total de 80 pessoas entre crianças, adolescentes e mulheres – 40 em cada turno.

Segundo as Irmãs ICM, o tema da roda de conversa foi a campanha “Coração Azul”, contra o tráfico de pessoas. A dinâmica utilizada foi sobre as alegrias e tristezas do coração. Foram distribuídos corações para que cada participante escrevesse o que alegra e o que entristece o coração. Nos escritos e desenhos foram relatadas as tristezas como: não poder sair de casa, racismo, julgamentos, violências, drogas, solidão, fome, falta de amor, injustiças, traição, engano, mentiras, enfermidades, pessoas morando nas ruas, desunião nas famílias, feminicídio, desigualdades, violência verbal, assédio, estupro, bullying, falecimento de quem se ama, machismo, agressões físicas, abusos sexuais e o ódio. Mesmo diante das dificuldades, o grupo também relatou alegrias e o sonho de uma sociedade melhor e mais justa.

“Após a dinâmica, as assessoras falaram sobre os cinco tipos de violência contra a mulher: Moral, Sexual, Psicológica, Patrimonial e Física. Informaram e orientaram sobre como se defender dessas situações de violência, quais cuidados devem ter as crianças e adolescentes, no que se refere aos abusos e a exploração sexual, como reconhecer essas violências, os aliciamentos pelas redes sociais e, principalmente, sobre não se calar diante dessas situações” conta o relato da comunidade ICM.

SOLIDARIEDADE

Além do enfrentamento e prevenção ao tráfico humano, a atividade na Ocupação Kulina também foi uma oportunidade para a solidariedade. As Irmãs doaram 80 Kits de Higiene Pessoal para as participantes da formação. Os produtos doados são importantes reforços no combate à pandemia, além de ter levado um pouco de alegria para quem recebeu a doação:

“Em tempos de pandemia precisamos manter a saúde em dia: tomar banho, escovar os dentes e conservar as mãos limpas. Para as meninas, adolescentes e mulheres também foram doados absorventes, item fundamental, porém, às vezes, inacessível para muitas. No final das rodas de conversas, estes kits foram distribuídos. Ficamos comovidas com a alegria de uma das adolescentes quando viu no kit um xampu. São coisas simples, mas nem todas/os têm” afirma a mensagem.

Assessoraram a atividade as Irmãs Santina Perin, Rose Bertoldo, Michelle da Silva e a leiga Sandra Loio, da Congregação do Imaculado Coração de Maria, e a Irmã Paulina, da Congregação da Sagrada Família de Spoleto.

Por: Magnus Regis | comunicacao@icm-org.br